Pensamento em audiovisual
R$20,00 – R$40,00
Autor: Juliana Goss
Pensamento em audiovisual : Os planos infinitos da filosofia aplicada.
O livro Pensamento em audiovisual: os planos infinitos da Filosofia aplicada, da jornalista Juliana Goss, nasceu de uma pequena viagem a um labirinto. Tive o privilégio de acompanhá-la em alguns trechos e posso assegurar que o “per- der-se” foi uma etapa tão importante do percurso quanto o “encontrar-se”. E é disso que trata este trabalho – dos lugares pelos quais devaneamos durante o livre exercício do pensar, sujeitos a chuvas e tempestades, mas também a paisagens nunca vistas. Simples assim.
No início, o mapa a ser seguido na pesquisa parecia um daqueles percursos que nos dão os melhores aplicativos, cheios de vozes, alertas e setas. Margem de erro, quase zero. Juliana – a bordo de seu interesse crescente pelo uso e produção de audiovisual em sala de aula – se dispôs a estudar as metodologias de ensino da Sociologia no ensino médio. Parecia líquido e certo que, nessa disciplina, houvesse farta projeção de trechos de filmes – com a intenção de ilustrar teorias e provocar debates entre estudantes – e, o que mais lhe interessava, hordas de adolescentes que produzissem seus próprios documentários e ficções. O melhor dos mundos.
Havia a fumaça e o fogo. Notícias a respeito, não faltavam. Desde a popularização dos celulares com múltiplos dispositivos, nos anos 2000, ouvia- -se falar de professores hábeis em orientar suas turmas na arte da filmagem, de modo a sair da casca. A estratégia educacional era saudada com fogos de artifício em praça pública, como se unisse Piaget, Montessori, Vygotsky, Illich, Freire e toda a turma para um arrasta-pé animado.
Com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça, qual uma reedição da Nouvelle Vague, os jovens pensavam o mundo e enquadravam a realidade em que viviam – entendendo-a melhor do que nunca, de modo a cumprir a sanha educacional. O próximo passo, sabe-se, é transformar o território. De quebra, circulava a informação rasteira de que o audiovisual “feito por eles” era uma espécie de remédio de última geração, perfeito para conquistar o interesse dos alunos, diminuindo, por extensão, o estresse das salas de aula.
Não se tratava de nenhuma inverdade. Pode-se mesmo afirmar que a produção de audiovisuais nas escolas constituiu e assim permanece um movi- mento no útero do sistema escolar, tanto quanto a contação de histórias ou a robótica, para citar algumas estratégias pedagógicas dos últimos 20 anos. Posso atestar que a garimpagem de Goss foi modelar: ela bateu em inúmeras portas, em busca de bons exemplos do que estava investigando, até perceber que tinha virado na rua errada. Uma das premissas desabou e não há pesquisador no mundo que não tenha provado o gosto amargo dessa frase. Em resumo, os primeiros levantamentos apontavam que à revelia dos elogios mil aos ganhos pedagógicos do audiovisual, o ensino de Sociologia permanecia avesso às tecnologias, preferindo-se a aula expositiva, lousa e giz, seminários e rodas de conversa.
Foi quando, na ausência de um objeto que respondesse a sua proposta, a pesquisadora encontrou uma outra vereda – no lugar da Sociologia em sala de aula havia a história paralela do ensino da Filosofia, matéria recolocada nos currículos no pós-ditadura civil-militar instalada em 1964. Seu retorno – no tapete mágico da pedagogia histórico-crítica – não se deu sem atropelos. Enquanto a Sociologia e mesmo a Psicologia, também ressuscitadas, tendiam a despertar uma simpatia natural nos estudantes – e mesmo uma curiosidade, a Filosofia não gozava da mesma benesse. O tecnicismo parecia ter tirado o oxigênio do pensamento.
Uma nova premissa se estabeleceu: frente a dificuldade em se instalar no paladar dos educandos, a Filosofia precisou contar com algo mais do que o gogó e a sabedoria. Seus mentores recorreram às tecnologias, e viram que era bom. Juliana Goss percebeu onde estava o ouro e chegou a um objeto que estava à espera de um pesquisador – as Olimpíadas Filosóficas, com recorte nos eventos ocorridos na capital paranaense.
O evento, ainda que noticiado em suas contínuas edições, inclusive pela própria pesquisadora, na função de repórter, não tinha encontrado o eco merecido. Talvez tenha sido visto como mais uma feira de conhecimentos, uma versão contemporânea dos “gabinetes de curiosidades”. Coube a ela dissecá-lo, pondo à mostra como os princípios da educomunicação, mesmo que não explicitados, eram aplicados em três escolas públicas de Curitiba e Região Metropolitana, com perdão à expressão, “turbinando” a Filosofia no ensino médio.
Nada se deu sem emoção, ainda que se trate de um exercício de racionalidade. Pensamento em audiovisual, o livro, nasceu de uma imersão junto a estudantes e professores, consolidando-se como importante projeto de divulgação científica. Tanto quanto um documento indireto sobre a trajetória cidadã dos educadores e educandos ligados à Filosofia, oferece, para interessados, um observatório de ação pedagógicas, passíveis de serem reproduzidas. Comunicação e educação se encontram naquela que pode ser a mais atraente e, ao mesmo tempo, mais amedrontadora das disciplinas. Duvida? Pois faça você mesmo.
O que se vê de perto, contudo – e Juliana Goss viu – é um solene exercício de prazer. As Olimpíadas fazem jus ao nome e são… olímpicas de fato. A autora ouviu os jovens e deles recolheu a alegria de um aprendizado que passa por roteiros – trabalhados e retrabalhados à exaustão –; produção coletiva de sentidos; mergulhos na ficção e, o mais desafiador, a transformação do conceito em imagem. Até chegar a esse banquete, os guris e gurias, como se diz por aqui, já modelaram o barro o bastante, dando-lhe forma e conteúdo, de modo a trazer as abstrações ao rés-do-chão. Parecia impossível, só que não. E pensar que essa riqueza toda estava escondida nos guetos educacionais. Agora, não mais. Eis a obra
Descrição
Autor: Juliana Goss
Pensamento em audiovisual : Os planos infinitos da filosofia aplicada.
O livro Pensamento em audiovisual: os planos infinitos da Filosofia aplicada, da jornalista Juliana Goss, nasceu de uma pequena viagem a um labirinto. Tive o privilégio de acompanhá-la em alguns trechos e posso assegurar que o “per- der-se” foi uma etapa tão importante do percurso quanto o “encontrar-se”. E é disso que trata este trabalho – dos lugares pelos quais devaneamos durante o livre exercício do pensar, sujeitos a chuvas e tempestades, mas também a paisagens nunca vistas. Simples assim.
No início, o mapa a ser seguido na pesquisa parecia um daqueles percursos que nos dão os melhores aplicativos, cheios de vozes, alertas e setas. Margem de erro, quase zero. Juliana – a bordo de seu interesse crescente pelo uso e produção de audiovisual em sala de aula – se dispôs a estudar as metodologias de ensino da Sociologia no ensino médio. Parecia líquido e certo que, nessa disciplina, houvesse farta projeção de trechos de filmes – com a intenção de ilustrar teorias e provocar debates entre estudantes – e, o que mais lhe interessava, hordas de adolescentes que produzissem seus próprios documentários e ficções. O melhor dos mundos.
Havia a fumaça e o fogo. Notícias a respeito, não faltavam. Desde a popularização dos celulares com múltiplos dispositivos, nos anos 2000, ouvia- -se falar de professores hábeis em orientar suas turmas na arte da filmagem, de modo a sair da casca. A estratégia educacional era saudada com fogos de artifício em praça pública, como se unisse Piaget, Montessori, Vygotsky, Illich, Freire e toda a turma para um arrasta-pé animado.
Com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça, qual uma reedição da Nouvelle Vague, os jovens pensavam o mundo e enquadravam a realidade em que viviam – entendendo-a melhor do que nunca, de modo a cumprir a sanha educacional. O próximo passo, sabe-se, é transformar o território. De quebra, circulava a informação rasteira de que o audiovisual “feito por eles” era uma espécie de remédio de última geração, perfeito para conquistar o interesse dos alunos, diminuindo, por extensão, o estresse das salas de aula.
Não se tratava de nenhuma inverdade. Pode-se mesmo afirmar que a produção de audiovisuais nas escolas constituiu e assim permanece um movi- mento no útero do sistema escolar, tanto quanto a contação de histórias ou a robótica, para citar algumas estratégias pedagógicas dos últimos 20 anos. Posso atestar que a garimpagem de Goss foi modelar: ela bateu em inúmeras portas, em busca de bons exemplos do que estava investigando, até perceber que tinha virado na rua errada. Uma das premissas desabou e não há pesquisador no mundo que não tenha provado o gosto amargo dessa frase. Em resumo, os primeiros levantamentos apontavam que à revelia dos elogios mil aos ganhos pedagógicos do audiovisual, o ensino de Sociologia permanecia avesso às tecnologias, preferindo-se a aula expositiva, lousa e giz, seminários e rodas de conversa.
Foi quando, na ausência de um objeto que respondesse a sua proposta, a pesquisadora encontrou uma outra vereda – no lugar da Sociologia em sala de aula havia a história paralela do ensino da Filosofia, matéria recolocada nos currículos no pós-ditadura civil-militar instalada em 1964. Seu retorno – no tapete mágico da pedagogia histórico-crítica – não se deu sem atropelos. Enquanto a Sociologia e mesmo a Psicologia, também ressuscitadas, tendiam a despertar uma simpatia natural nos estudantes – e mesmo uma curiosidade, a Filosofia não gozava da mesma benesse. O tecnicismo parecia ter tirado o oxigênio do pensamento.
Uma nova premissa se estabeleceu: frente a dificuldade em se instalar no paladar dos educandos, a Filosofia precisou contar com algo mais do que o gogó e a sabedoria. Seus mentores recorreram às tecnologias, e viram que era bom. Juliana Goss percebeu onde estava o ouro e chegou a um objeto que estava à espera de um pesquisador – as Olimpíadas Filosóficas, com recorte nos eventos ocorridos na capital paranaense.
O evento, ainda que noticiado em suas contínuas edições, inclusive pela própria pesquisadora, na função de repórter, não tinha encontrado o eco merecido. Talvez tenha sido visto como mais uma feira de conhecimentos, uma versão contemporânea dos “gabinetes de curiosidades”. Coube a ela dissecá-lo, pondo à mostra como os princípios da educomunicação, mesmo que não explicitados, eram aplicados em três escolas públicas de Curitiba e Região Metropolitana, com perdão à expressão, “turbinando” a Filosofia no ensino médio.
Nada se deu sem emoção, ainda que se trate de um exercício de racionalidade. Pensamento em audiovisual, o livro, nasceu de uma imersão junto a estudantes e professores, consolidando-se como importante projeto de divulgação científica. Tanto quanto um documento indireto sobre a trajetória cidadã dos educadores e educandos ligados à Filosofia, oferece, para interessados, um observatório de ação pedagógicas, passíveis de serem reproduzidas. Comunicação e educação se encontram naquela que pode ser a mais atraente e, ao mesmo tempo, mais amedrontadora das disciplinas. Duvida? Pois faça você mesmo.
O que se vê de perto, contudo – e Juliana Goss viu – é um solene exercício de prazer. As Olimpíadas fazem jus ao nome e são… olímpicas de fato. A autora ouviu os jovens e deles recolheu a alegria de um aprendizado que passa por roteiros – trabalhados e retrabalhados à exaustão –; produção coletiva de sentidos; mergulhos na ficção e, o mais desafiador, a transformação do conceito em imagem. Até chegar a esse banquete, os guris e gurias, como se diz por aqui, já modelaram o barro o bastante, dando-lhe forma e conteúdo, de modo a trazer as abstrações ao rés-do-chão. Parecia impossível, só que não. E pensar que essa riqueza toda estava escondida nos guetos educacionais. Agora, não mais. Eis a obra
Informação adicional
Peso | 200 g |
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Dimensões | 20 × 17 × 2 cm |
Formato | Digital, Físico |
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